O VELHO DA CAPELINHA

Ilustração: Railson Wallace

Existia na década de 1940, próximo à boca do igarapé Catimbáua (afluente do Rio Igarapé-Miri), um antigo casarão que ao lado, tinha uma capelinha onde eram realizadas as cerimônias católicas dedicadas à santa padroeira da família do proprietário. Devido à existência da pequena capela, o local ficou conhecido popularmente como Capelinha, denominação que persiste até hoje.

Com o tempo, o terreno foi abandonado, e na década de 90, sobravam apenas restos de madeiras, cimento e pedras, marcas do que existiu ali em outras épocas. As pessoas que moravam próximo ao local, relatavam vários acontecimentos sobrenaturais que assustavam os moradores e os viajantes que por ali passavam.

Nas noites sombrias, as casas próximas ao local onde existia a velha capelinha, eram atacadas com fortes batidas nas paredes, taboas de madeira eram arrancadas dos assoalhos das casas, e arremessadas com grande força, além de vários outros casos que faziam com que poucas pessoas arriscassem morar ali, muitos, logo se mudavam para outras localidades.

A aparição sobrenatural mais famosa na região da Capelinha, era a de um senhor muito idoso, e com aparência assustadora, que aparecia pelas redondezas do local.

No ano de 1994, uma senhora chamada Joana adquiriu parte do terreno, construiu casa e passou a morar junto ao seu marido naquela localidade. A casa era bem simples, possuía as paredes laterais, mas sem as paredes da frente e fundos, o que fazia com que parte da casa, ficasse totalmente aberta.

Em uma noite, Joana jantava sentada no chão da parte da frente de sua casa, quando de repente, viu uma movimentação estranha na ponte que dava acesso à sua residência. A ponte era feita de vários troncos de miritizeiros.

Assustada, ela direcionou por alguns minutos, o seu olhar para fora da casa, e quando voltou a olhar para próximo de si, viu um velho homem de aparência assustadora, sentado ao seu lado. O velho estendeu as mãos para ela, como se estivesse pedindo algo. Apavorada com aquela cena, Joana gritou bem alto para o seu marido, que estava na parte dos fundos da casa, ele imediatamente correu para acudi-la, mas quando chegou, o velho homem já adentrava o mato, ainda chegou a ser perseguido, mas sumiu na escuridão da floresta.

Outra aparição do velho misterioso, aconteceu em uma noite, quando Joana e sua filha foram à um igarapé próximo de sua casa, para retirar os matapis da água. Ao chegarem próximo de um miritizeiro cortado que boiava na rio, avistaram o velho homem sentado naquele tronco de árvore, e com uma lamparina enorme na mão. Assustadas, saíram remando com muita velocidade, e gritando bem alto. Ao ouvir os gritos, o marido de Joana pegou sua espingarda, saiu da casa correndo, entrou em uma canoa e foi para o local, ao chegar, não viu ninguém.

O mesmo senhor também foi avistado por Joana, várias outras vezes, andando por entre os açaizais. Os moradores mais velhos diziam que ele era um homem que morou no antigo casarão que existia naquela localidade, e que tinha muito dinheiro enterrado, por isso o seu espírito não poderia descansar enquanto alguém não encontrasse o seu tesouro, pois a sua alma só poderia prosseguir o seu destino, após quebrado o encanto que o aprisionava naquela localidade.

Obs: os nomes dos personagens foram substituídos por nomes fictícios.

Baseado nos relatos dos senhores Domingos Vilhena e Pedro Pinheiro.

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