O LOBISOMEM DE IGARAPÉ-MIRI

Ilustração: Railson Wallace

Era uma noite de lua cheia, no ano de 1908, na pacata cidade de Igarapé-Miri. A cidade ainda não possuía sistema de distribuição de energia elétrica, sendo a iluminação noturna, feita através de lampiões a querosene, que eram acesos no início da noite.

Já passava do horário da meia noite, o Senhor Jorge dormia em sua casa, quando acordou assustado com fortes barulhos que vinham do quintal. Levantou-se, pegou sua espingarda e chamou seu pai que morava junto. Este pegou um facão, e correram para o quintal, nesse momento, viram um lobisomem de aparência assustadora, que entrou no galinheiro e começou a atacar os animais. Sendo a criatura vista pelo cachorro de Jorge, que passou na frente e correu atrás do bicho.

No momento em que Jorge fez a pontaria com a espingarda para atirar, o cachorro mordeu o calcanhar do lobisomem, e ele percebendo que poderia errar e atirar em seu cão, desistiu. Desesperado, o lobisomem arrebentou a cerca do galinheiro e pulou para o outro quintal que dava saída para a rua. Pai e filho ainda tentaram perseguir a criatura, mas quando saíram da casa, avistaram o lobisomem que já ia correndo longe, fora de alcance, e sumiu na escuridão.

Outro acontecimento, foi em uma noite de domingo do ano de 1881, quando o Sr. Elói voltava da casa de um de seus vizinhos, onde costumavam jogar baralho até a madrugada. Nessa noite, ao retornar acompanhado de alguns amigos, viram na rua, um vulto branco flutuando na escuridão. Curiosos, foram olhar de perto, foi quando alguém que morava próximo ao local falou que não eles não deviam se aproximar ou mexer, pois era um lobisomem morto. Assustados, saíram correndo desesperadamente.

Outra vez, o mesmo Sr. Elói e seu grupo de amigos, ao retornarem de mais uma noite de jogo de baralho, encontraram com um lobisomem na rua, perseguiram a criatura, até que ao tentar fuga, o bicho ficou preso em uma cerca de madeira. Pegaram e amarraram o lobisomem em uma ponte de madeira que existia em uma rua, no dia seguinte, quando foram ver, o lobisomem era um de seus vizinhos.

Na época, muitos casos de aparições de Lobisomens, eram relatados por moradores da cidade de Igarapé-Miri, e talvez pela quantidade de ocorrências, a população já não tinha tanto medo assim, mas temiam muito os lobisomens mortos, que são aqueles que morreram antes de cumprir todo o seu fado.

Baseado nos escritos de Eládio Lobato, em A Fêmea do Cupim no Mundo do Folclore.

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