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Ilustração: Railson Wallace |
Era ano
de 1944 na localidade Catimbáua, situada às margens de um pequeno igarapé, afluente do Rio Igarapé-Miri, e que fica há poucos minutos de viagem da cidade.
Nesta década
(anos 40), muitas pessoas sofreram ataques agressivos de botos, que viravam
canoas, levavam mulheres para o fundo do rio, e até mesmo nas noites de lua
cheia, invadiam residências onde mulheres ficavam sozinhas, sendo que os ataques
aconteciam principalmente, com mulheres que possuíam filhos pequenos.
Era noite
de lua cheia, já passava do horário de meia noite, Maria dava a luz ao seu
segundo filho, em um quarto de sua casa, acompanhada de seu marido Manoel, seu
filho primogênito, e de uma parteira. As portas e janelas da casa estavam
abertas, no entanto, a porta do quarto que era feita de vários braços de
miriti, estava totalmente fechada.
Maria
estava em trabalho de parto, quando começaram ouvir barulhos de passos pela
casa, era um barulho muito forte, como se alguém pisasse com exagerada força.
Depois disso, alguns minutos de silêncio se fizeram naquele local, quando de
repente, alguém começou a forçar a porta para entrar no quarto.
As
mulheres e a criança ficaram apavoradas e gritavam muito, enquanto Manoel, ao
ver a porta sendo forçada, também começou a força-la em sentido oposto, na tentativa
de impedir que aquela pessoa entrasse no quarto. A pessoa que forçava a porta, possuía
muita força.
Sabendo
que não conseguiria impedir a entrada do invasor, Manoel decidiu ir para o
enfrentamento corpo a corpo. Ao sair do quarto, viu que o invasor era um homem
vestido todo de branco e chapéu na cabeça. A luta aconteceu na cozinha daquela casa.
Durante
o combate, louças, e outros objetos caíam a todo momento no chão, fazendo com
que o barulho ecoasse por toda a casa. Ao chegar próximo do jirau, Manoel pegou
um terçado, e por várias vezes, golpeou aquele homem, que saiu
correndo e gritando de dor, até pular na água. Logo depois, apareceu boiando no rio, um enorme boto
que sumiu na escuridão.
Antes
deste acontecimento, Manoel que trabalhava no Engenho Nossa Senhora do Carmo,
localizado no Rio Igarapé-Miri, próximo de sua casa, e sempre precisava sair nas madrugadas, ou voltar no horário da noite, nunca mais pode viajar entre
o período das 18 e 06 horas, pois quando voltava no escuro, sempre era atacado
pelo boto que o tentava levar para o fundo do rio, sendo por várias vezes salvo por vizinhos ou até mesmo pelos próprios
filhos.
Baseado nos relatos do Sr. Pedro Pinheiro,
nascido na região do Catimbáua, hoje morador do Bairro da Matinha.
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