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Ilustração: Railson Wallace |
O centenário
Cemitério Bom Jesus dos Passos de Igarapé-Miri, já foi palco de muitas
sepulturas famosas, algumas inclusive, foram ou são consideradas milagrosas,
sendo atribuído à alma das pessoas que nelas estão enterradas, muitos milagres.
Na década de 50, um cearense chamado Francisco
Capela, que trabalhava como vendedor da Companhia Souza Cruz (indústria de
cigarros), morreu afogado no Rio Maiauatá, sendo o seu corpo sepultado no
Cemitério Bom Jesus. Para abrigar os restos mortais de Capela, foi erguido um grande
mausoléu, que posteriormente, foi destruído, e no local foi construída uma
sepultura simples.
Após a sua morte, por um longo período, a sepultura
de Francisco Capela foi a mais famosa do Cemitério Bom Jesus, por acreditarem que
a sua alma operava verdadeiros milagres. Acreditavam até mesmo que fazer chá ou
colocar um pedaço de pedra da sepultura do Capela em cima da barriga da mulher
grávida, daria um parto tranquilo e seguro.
Com o tempo, a devoção à alma de Capela foi
enfraquecendo, e sua sepultura foi destruída. No local, foram construídas novas
sepulturas, pondo fim a devoção a esta alma que por muito tempo, foi
considerada milagrosa.
Hoje, a sepultura mais conhecida, é a primeira do
lado esquerdo, logo na entrada do Cemitério Bom Jesus, onde estão enterrados os
restos mortais de Arisandra Miranda, uma menina de 12 anos, que foi assassinada brutalmente
pelo seu próprio pai, em abril de 1989.
Arisandra morava no Rio Pindobal, interior de
Igarapé-Miri, e por várias vezes, sofreu tentativas de abuso sexual pelo seu
próprio pai, mas a menina e sua família, sempre ofereceram resistência. Por
volta das 10h30 do dia 13 de abril de 1989, Arisandra desembarcou na cidade de
Igarapé-Miri com seu pai, sua mãe e sua avó. O acusado iria prestar depoimento,
visto que sua esposa o havia denunciado à polícia.
Ao chegarem à cidade, os quatro foram levados para
uma casa na Travessa Padre Emílio, próximo de onde hoje está o Estádio Municipal
Bianor Palheta. Lá ficariam aguardando o chamado do sargento, que deveria ouvir
o depoimento do acusado. Porém, minutos depois, ele investiu contra Arisandra, que
novamente ofereceu resistência. A avó de Arisandra tentou retirá-la das mãos de
seu pai, mas este pegou uma faca a aplicou golpes na avó da menina. Tentando
fuga, Arisandra correu para o quintal, onde foi atacada pelo seu pai, que a assassinou
de forma brutal.
O crime revoltou a população de Igarapé-Miri, e
gerou grande repercussão e comoção na cidade. O pai de Arisandra foi condenado
a 18 anos e 6 meses de prisão. Em alguns depoimentos coletados, informantes
afirmaram que após cumprir sua pena, ele teria adquirido problemas mentais, e
morreu atropelado por um caminhão.
A crença nos milagres de Arisandra iniciou quando
um rapaz de Igarapé-Miri, que morava em Capanema, teve a sua bicicleta roubada,
logo após compra-la. Ele acreditava que as pessoas que morrem como Arisandra
morreu (defendendo sua pureza), fazem obras milagrosas.
Aí ele resolveu fazer um pedido a menina, se o ladrão
devolvesse sua bicicleta, ele mandaria revestir a sua sepultura com azulejos. Três
dias após a promessa, a bicicleta teria aparecido na porta de sua casa, sem
nenhum arranhão. Assim, o rapaz cumpriu com a sua promessa. Daí pra frente, a
fama de alma milagrosa de Arisandra se espalhou, e novos pedidos de outras
pessoas foram surgindo.
Hoje, são dezenas de pedidos diários, sendo na
sepultura de Arisandra, ofertados vários brinquedos e objetos, por pessoas que
tiveram os seus pedidos atendidos. Sua sepultura chega a receber visitantes de
outros municípios do Pará, e até mesmo de um homem do Rio de Janeiro, que
anualmente visita Arisandra, e agradece pela graça alcançada.
Fontes: Jornal O Liberal (edição de 14 de abril de
1989), Jornal Miriense (edição de 02 de novembro de 1994), A Fêmea do Cupim 1ª edição (Eládio Lobato), e entrevista com o
Sr. Vavá (Coveiro do Cemitério Bom Jesus).
Linda a lenda,ja ouvir falar de arissandra.
ResponderExcluirParabéns professor