O GATO BRANCO DA MATINHA

Ilustração: Railson Wallace

Era década de 90 no Bairro da Matinha, acontecia na casa de uma velha senhora, um festejo católico em comemoração a um santo. Ao término da ladainha, a senhora conhecida como Dona Maria, que estava acompanhada por um grupo de amigos que também participaram da festa religiosa, saíram rumo as suas residências.

Ao chegarem à Travessa Ana Almeida, rua onde hoje está a comunidade católica São José, olharam para a esquina da Rua Rui Barbosa, foi quando Dona Maria gritou:

- Gente, olhem ali, um enorme gato branco.

O felino que estava agachado com as patas sobre a cabeça, era branco como a neve, parecia até ser de algodão de tão peludo. Ao avistarem aquele gato, ficaram apavorados e pararam de caminhar para não chegar próximo a misteriosa criatura. 

Corajosa, uma das senhoras que estava no grupo de pessoas disse:

- Olha gente, não mexam com aquele que tem que cumprir sua penitência. Vamos embora, somos filhos de Deus, nada há de nos acontecer, vamos enfrentar.

Assim, seguiram em frente em direção ao grande gato branco. Ao chegarem em frente da Comunidade São José, num piscar de olhos, o enorme gato se transformou em um homem. 

As pernas tremeram, os cabelos arrepiaram da cabeça aos pés e as mãos esfriaram, porém, continuaram caminhando mesmo assustados. Ao se aproximar do homem, tiveram uma grande surpresa, no local onde antes encontrava o enorme gato, agora estava um vizinho de Dona Maria, o senhor conhecido como Compadre Zeca, que estava exatamente na mesma posição que o gato branco, e continuou ali, sentado com as mãos na cabeça. Passaram por ele sem falar, e após certa distância daquele homem, as pernas já não estavam mais bambas.

Dona Maria, após acompanhar o grupo de pessoas até suas residências, ficou observando de sua casa, onde tinha algumas frestas na parede feita de tábuas de madeira, que davam em direção à rua. Ao nascer o sol, o Compadre Zeca, levantou-se pegou um cigarro que estava no bolso de sua calça, acendeu e caminhou em direção da casa onde morava. Quando chegou em frente a porta de sua residência, deu uma parada e lançou um olhar intimidador em direção a casa de Dona Maria que o espionava. 

A velha senhora logo sentiu um forte arrepio que tomou conta de todo seu corpo, após alguns minutos olhando em direção a casa de Dona Maria, seguiu caminhando lentamente até entrar em sua casa.

Todos que ouviram e presenciaram, afirmam que a sina carregada por aquele velho homem, era castigo de Compadre Zeca por algum erro cometido, ou teria recebido tal maldição como herança de alguém de sua família.

Material cedido por alunos da Faculdade Aliança Polo de Igarapé-Miri.

Nenhum comentário:

Postar um comentário