O CACHORRO DA CARTA

Ilustração: Railson Wallace

Atrás da Igreja Matriz de Sant'Ana de Igarapé-Miri, existiam duas sepulturas, onde foram enterrados alguns padres que atuaram na Paróquia de Igarapé-Miri, os túmulos foram removidos com a atual reforma da Barraca de Sant'Ana, concluída em julho de 2019.

Existe uma lenda antiga em Igarapé-Miri, de um cachorro que saía de cima dessas sepulturas, de trás da Igreja de Sant’Ana, com uma carta na boca. Os mais velhos diziam, que a carta falava da localização de um tesouro enterrado. 

Era início da década de 70 em Igarapé-Miri, a cidade ainda não possuía sistema de distribuição de energia elétrica 24 horas por dia, sendo a iluminação a noite, feita através de um motor que era ligado no início da noite, e desligado por volta das 22h. Nessa época, a cidade terminava na rua do Cemitério Bom Jesus.

Como ainda não existia uma estrada que ligasse Igarapé-Miri à Belém, as viagens eram realizadas via fluvial, através do Navio Coronel Sampaio, sendo que os retornos aconteciam nas terças e quinta-feiras, entre o horário de 01h as 02h. Ao chegar próximo ao Canal de Igarapé-Miri, o navio apitava, anunciando que estava chegando, assim, as pessoas que esperavam alguma encomenda ou aguardavam a chegada de parentes ou amigos, saíam de suas casas para o Trapiche Municipal, para aguardar a chegada do navio.

Em uma madrugada escura e chuvosa da década de 70, aconteceu no antigo Campo de Aviação de Igarapé-Miri, atual Rua Comandante Fernando Lima, um assassinato. O Sr. Raimundo Silva, teve a sua vida ceifada, e o seu corpo arrastado até a Rodovia Moura Carvalho, onde foi abandonado. 

A vítima era muito conhecida em Igarapé-Miri, assim, a notícia de seu assassinato repercutiu na cidade. A polícia iniciou a investigação, mas enfrentava muitas dificuldades devido ao fato de não existirem testemunhos do crime. 

Em uma noite, após o crime, a cidade ainda estava em alvoroço. Até então, não existia nenhuma pista que levasse ao assassino do Sr. Raimundo. Nessa mesma noite, um cachorro saiu de trás da Igreja de Sant’Ana com uma carta na boca, passou em meio as pessoas que estavam no Largo de Sant’Ana e no trapiche, entrou no rio e nadou com a carta na boca até o outro lado, todos ali ficaram observando o cachorro, que subiu na ponte de uma casa, e sumiu na escuridão.

No dia seguinte, Dona Vitalina, que morava na casa onde o cachorro sumiu, achou uma carta em cima de sua ponte. A carta explicava detalhadamente como aconteceu o assassinato e quem matou o Sr. Raimundo. A partir da carta, o crime que até então estava sem solução, foi resolvido. 

Quem escreveu a carta? ninguém sabe, ninguém viu!

História contada pelo Sr. Gelffson Lobo (Professor Gel) .

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