Ilustração: Railson Wallace |
Nos manuscritos deixados pela senhora
Merandolina, em meados do século XIX, lá por 1865, já havia alguns bois no
interior de Igarapé-Miri, inclusive no rio Panacauera-Miri, o Sr. Corrêa, tinha
um engenho movido a boi, razão que o senhor Joaquim, que tinha um engenho
movido por escravos, foi até o rio Guamá, onde comprou três bois de pasto e fez
a adaptação do engenho para movimentar pelos bois, os quais lhe decepcionaram,
eram bois não adestrados e pareciam manhosos, tendo pouco sucesso, razão que
provocou o nome do engenho “Gumarra”, por alcunha de boi manhoso.
Joaquim, sabedor que Corrêa tinha bois
adestrados, o procurou e comprou um de seus bois, passando assim a ter boa
produção.
Entre os escravos de Joaquim, existia o
Pai Francisco, que também era chamado de Nego Chico, que livre de fazer o
serviço escravo de funcionar o engenho a braço, simplesmente tratava do boi, acompanhava
e pastorava, razão pela qual o adorava com muito carinho.
Tinha Pai Francisco sua mulher Catarina,
conhecida apenas como Catirina, a qual ficou prenha e desejou comer a língua do
boi que movimentava o engenho do Sr. Joaquim. Em princípio Pai Francisco relutou,
entretanto, vendo que poderia perder o filho e a mulher que estava com sinais
de aborto, resolveu matar o boi e tirar a língua para salvar a esposa e o
filho.
Com a ausência do boi e de Pai Francisco na
hora que deveria funcionar o engenho, Joaquim reuniu sua turma para procura-los.
Entre a turma de Joaquim, existia o Caboclo
Reá, que foi escalado para o comando da procura de Nego Chico, sob a ordem de
trazê-lo vivo ou morto.
Pai Francisco ao ser encontrado é logo
intimado; meu amo te mandou dizer três coisas: teu corpo, tua cabeça e tua
vida. Pai Francisco relutou, dando berros ao
Caboclo Reá, mas no final Nego Chico é preso e levado por Caboclo Reá, que estava
orgulhoso por cumprir as ordens do amo. Trazido a Joaquim, foi dado o veredito:
a vida do boi ou a morte de Nego Chico. Pai Francisco compromete-se a curar o
boi, chama o pajé que reúne seus auxiliares em coletivo, benze , defuma e canta
em cima do boi, quando lhe dá um cristal e o boi levanta a dançar.
Fonte: A Fêmea do Cupim no
Mundo do Folclore
Gostei👏❤
ResponderExcluirInteressante. Depois de ler a lenda, fica mais fácil entender a dança.
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