Ilustração: Railson Wallace |
A Vila Igarapezinho, está localizada nas margens de um igarapé estreito, que é afluente do extenso Rio Caji. A maioria da população da localidade, é formada por descendentes de negros e indígenas, possuindo o povoado, cerca de 70 casas, sendo que muitas ficam ociosas durante o ano inteiro, os donos moram nas margens do Rio Caji ou em outras localidades, e só vão para o local, durante o período da tradicional Festividade de Nossa Senhora de Nazaré, que acontece todos os anos, no mês de setembro.
No mês de agosto, período que
antecede a centenária Festividade de Nazaré, acontecem sempre na Vila
Igarapezinho, vários casos sobrenaturais, que amedrontam os moradores da
localidade, destes, o mais famoso, é a aparição de um espírito chamado pelos
moradores da localidade, de o Espírito do Homem Preto, que seria um homem forte, totalmente na cor preta, que tem uma aparência assustadora.
Este espírito teria o poder o
incorporar nos moradores, e até mesmo, atacar ou carregar as pessoas para a floresta. Segundo alguns moradores, este ser sobrenatural, seria um espírito vagante,
e que só vai deixar de passar pela Vila Igarapezinho, depois de levar uma
criança daquele povoado.
Era uma noite de domingo do mês
de agosto, chuviscava forte na Vila Igarapezinho, como a localidade ainda não
possuía energia elétrica, ao anoitecer, o povoado ficava totalmente escuro, a
iluminação das casas eram feita através de lamparinas e velas, com exceção de poucas
residências que possuíam motores movidos à óleo diesel.
Já passavam das 20h, em uma casa
simples, de madeira e coberta por palha, após a janta, uma família se preparava para dormir. As
crianças dormiam na sala, e os pais, no quarto. Após deitados, os pais ouviram um
barulho, como se alguma coisa estivesse andando no telhado de palha.
Assustados, foram até à sala e perceberam que uma das suas filhas não estava no
local.
Saíram a procurar a criança nas
casas dos parentes e nas residências dos vizinhos que possuíam motores, pois lá,
muitos moradores se reuniam para assistir televisão, mas nenhum sinal da menina. Logo,
um grupo de moradores se mobilizou para procurar a moça desaparecida, fizeram
buscas na estrada (ramal que dá acesso à capela de onde sai o Círio de Nazaré do
Igarapezinho), e em ramais, como o caminho que dá acesso à localidade da Boa União
do Rio Caji (local onde fica o cemitério da região), foram também para o ramal que dá acesso ao Rio Pindobal, Vila Felipequara
e Vila Curuçambaba (ambas em Cametá) e que também dá acesso ao povoado Maratauá, que fica
próximo à localidade.
Após buscas nos ramais, não
encontraram a criança desaparecida, decidiram então procurar na floresta que cerca a Vila Igarapezinho, dividiram-se em vários grupos, e adentraram pelos
pequenos caminhos que davam acesso ao matagal.
Após horas de buscas,
encontraram a moça em meio a floresta, totalmente desorientada, e sentada sob
um formigueiro, com as mãos para trás. Após a chegada de alguns moradores ao
local, a menina desmaiou. Um grupo de pessoas carregaram a criança, e a levaram
para a casa de um de seus parentes. Depois do resgate, ouviram um barulho na
mata, como se alguém se movimentasse entre as árvores, perseguiram aquele vulto, até as margens do igarapé, onde viram apenas um rastro, como se alguém tivesse
dado um grande salto para o outro lado.
Na casa, ao recuperar a
consciência, a menina relatou ter visto o vulto de um homem preto muito grande,
de olhos vermelhos, e aparência assustadora, que a tirou da rede, e
carregou a moça nas costas, mata à dentro. Com a grande quantidade de pessoas
que procuravam a moça, o espírito decidiu abandoná-la no mato.
Ao amanhecer, levaram a moça
para uma mãe de santo que morava na localidade São Domingos do Caji, próximo à
Vila Igarapezinho, e ao benzê-la, a mãe de santo falou que se tratava de um espírito
maligno que não é daquela localidade, mas que passa periodicamente por lá. Este
espírito entra pela estrada da capelinha, e passa pelo povoado. O seu objetivo
é levar algum morador com ele, principalmente se for uma criança. Depois deste acontecimento, o Espírito do Homem Preto, passou a possuir o corpo da moça.
Outros casos envolvendo este
mesmo espírito, também aconteceram no Igarapezinho. Vários moradores relatam terem
visto, e serem atacados ou incorporados pelo Espírito do Homem Preto.
No mês de setembro, durante a
Festividade de Nazaré, uma moça que andava por um caminho que dá acesso entre à
Vila Igarapezinho e o Cemitério Boa União do Caji, teria visto o espírito
durante o percurso, e após o ocorrido, teve o corpo possuído pelo Homem Preto,
e também por outros espíritos. A jovem foi levada para um pai de santo da
localidade Tauajó, que fica próximo à Vila Curuçambaba (município de Cametá). O
pai de santo informou que o espírito entra na localidade pelo ramal da pequena capelinha, e
que os pais e mães, não deveriam deixar seus filhos brincarem naquele lugar.
O mesmo Espírito do Homem Preto,
já teria atacado vários moradores, durante o sono. Um desses casos aconteceu no
ano de 2017, quando um homem dormia na sala de uma das casas da Vila
Igarapezinho.
Recém-chegado na localidade, o
homem veio da Cidade de Mocajuba, e casou-se com uma moradora do Igarapezinho. Por
trabalhar na Cidade de Igarapé-Miri, passava somente alguns dias naquele
povoado.
Na sala, os outros moradores da
casa também estavam deitados em redes, ou conversavam em pés. Ao abrir os
olhos, o jovem, viu um homem totalmente preto e forte de aparência muito assustadora,
que o olhava. Os olhos daquela criatura eram vermelhos.
Ali se travou uma batalha, o espírito
tentava a todo custo enforcar o homem, que não conseguia se movimentar, e nem gritar.
Sem saber o que fazer, o homem rezou o pai nosso em mente. Na medida que oração
avançava, mais aquela criatura apertava o seu pescoço.
Após o fim da oração, aquele
espírito largou o homem e saiu correndo para fora da casa. Desesperado, o homem se levantou
daquele pesadelo. No dia seguinte, contou o ocorrido ao seu sogro, este
informou que o mesmo também já teria acontecido, com outros moradores da casa.
Segundo os moradores da Vila Igarapezinho, o Espírito do Homem Preto sempre volta para atacar outros moradores.
Baseado nos relatos de moradores da Vila Igarapezinho do Caji, Município de Igarapé-Miri.
Okok, agr n vou mais conseguir dormir;-;
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