O FOGO SOBRENATURAL

Ilustração: Railson Wallace

Em meado da década de 50, a pacata cidade de Igarapé-Miri, ainda não possuía sistema de distribuição de energia elétrica 24 horas por dia, sendo a iluminação noturna, feita através de uma caldeira e máquina movida à lenha, que acionava um gerador de fabricação inglesa, gerando energia por algumas horas, durante a noite.

A antiga Usina de Força e Luz, local onde ficava a caldeira e todo o maquinário, era localizada ao lado da Casa Paroquial, na rua denominada hoje, de 7 de Setembro, no local onde hoje existe um posto de gasolina. O responsável pela iluminação, era um senhor de nome Alves, morador de uma casa humilde de palha, que ficava próxima ao Cemitério Bom Jesus dos Passos.

A lenha era colocada para queimar na caldeira, no início da noite, e todos os dias por volta das 21 horas, Alves pedia para que sua esposa e sua filha, o acompanhassem até à usina, para retirar parte da lenha, assim, a energia seria desligada aos poucos. A filha de Alves sempre relutava para não ir, pois não gostava de sair naquele horário. Mesmo assim sua mãe insistia, e ela sempre acabava aceitando o convite.

Naquela época, não existia a UBS (SESP) e nem a Caixa D’Água, sendo o local onde hoje está a Praça Sarges Barros, apenas um grande largo, com várias árvores, e o palacete no centro. 

Quando saíram da usina, chegando próximo ao Cemitério Bom Jesus dos Passos, viram uma luz que vinha do chão. Eram pequenas chamas de fogo, que se movimentavam com o vento.

A esposa de Alves curiosa com aquela cena, pediu para que seu marido a acompanhasse para ver de perto aquele estranho fenômeno, tendo seu pedido negado, pois Alves estava com medo. 

Desde criança, os pais de Alves, sempre lhes contaram histórias de dinheiro enterrado pelos cabanos, e que em Igarapé-Miri, existia muito dinheiro enterrado, sendo esse tesouro, amaldiçoado, pois quem tomasse posse dele, queimaria em fogo.

O mesmo fenômeno também foi presenciado pela família de Alves, na rua hoje denominada de Lauro Sodré, nas proximidades de onde hoje está a agência dos Correios. Próximo dali, existia uma antiga padaria, que para ser construída, foi necessário cavar alguns buracos para fincar as estacas de madeira, sendo que durante os trabalhos, foram encontrados vários potes cheios de moedas antigas, do tempo da Cabanagem, que foram enterrados novamente, naquele mesmo local.

Baseado nos relatos da Sra. Ruth Pureza. 

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