Segundo os moradores antigos, conta-se que
uma jovem, muito bonita, recém casada, que morava em frente à boca do rio Caiá,
costumava ficar sozinha a noite, enquanto o marido, moreno alto, de cabelos
crespos, saia para lancear com o vizinho.
Numa dessas noites de lanceio, a mulher
aguardava pelo marido na cabeça da ponte, quando um homem vestido todo de
branco, chapéu na cabeça, muito elegante, se aproximou da moça e conseguiu
seduzi-a.
De repente, de volta para a casa, o marido
encontra o tal homem, vestido de branco, saindo de sua casa. Segundo a
vizinhança, os dois brigaram muito e o marido feriu o homem nas costas, que se
atirou dentro d’água.
A esposa chorava muito e dizia que tinha
sido encantada por aquele homem, que acreditava ser um boto. Mas o marido
furioso não acreditou na história e disse que iria devolver a esposa aos pais
do mesmo jeito que foi buscá-la.
No outro dia, quando se arrumava para
levar a mulher na casa do sogro, uma surpresa: apareceu um boto morto na praia,
segundo os vizinhos, com um corte de terçado nas costas.
O marido pediu desculpas a esposa, pois
ela foi vítima da sedução de um boto.
O tempo passou e junto com ele surgiu uma
gravidez, que deu aquele casal um lindo menino, com características genéticas
avessas à do pai. A criança era loira, de olhos azuis e pele muito branca.
Aquele casal tinha consciência que aquela
criança foi fruto da sedução de um boto. Dizem que o menino estudou na Vila
Maiauatá, Município de Igarapé-Miri/PA e depois foi embora para Belém.
Fonte: Narrativas Orais Amazônicas: Memória, Identidade, Cultura e Linguagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário