O VIAJANTE FANTASMA

Ilustração: Railson Wallace

Era década de 60 na cidade de Igarapé-Miri. Morava em uma singela casa de madeira, na antiga Rodovia Moura Carvalho, atrás do Cemitério Bom Jesus dos Passos, a Sra. Ana, seu dois filhos e seu marido Antônio. A casa era muito simples, não possuía portas e nem janelas na frente, sendo fácil para qualquer pessoa adentrar naquela residência.

Naquela noite, Ana dormia em um quarto com os seus dois filhos, enquanto o seu marido dormia em uma rede estendida na sala, próximo a entrada da frente da casa.

Já passava das duas horas das madrugada, todos na cidade já estavam recolhidos, o silêncio e a escuridão reinavam nos quatro cantos da pequena cidade de Igarapé-Miri. Cansado, depois de um dia pesado de trabalho, Antônio dormia, quando alguém bateu em sua rede com grande força.

Antônio logo imaginou ter acontecido algo com alguém de sua família, e acordou espantado. Quando abriu os olhos, a surpresa, estava em sua frente, um homem branco, de olhos azuis, e muito bem vestido, usando terno, calça branca e sapato, carregando em sua mão direita, uma mala. Aquele homem  elegante lhe era estranho, pois a cidade era muito pequena, todos os moradores se conheciam, e ele jamais havia visto aquele homem.

Com uma voz bonita e usando palavras formais, o homem estranho perguntou educadamente ao Sr. Antônio, se a cidade de Igarapé-Miri, possuía algum hotel para ele se hospedar, e passar a noite. Explicou também que era um viajante de passagem por Igarapé-Miri, e precisava de um local para descansar.

Desconfiado e assustado ao mesmo tempo, Antônio indicou o rumo do único hotel que tinha na cidade, que ficava localizado próximo ao Cemitério Bom Jesus, e pertencia a Sra. Francisca, conhecida popularmente como Chica Boa.

Após receber as orientações de Antônio,  aquele homem estranho, agradeceu e se despediu educadamente, partindo em direção ao hotel, sumindo na escuridão da madrugada. Depois disso, vencido pelo cansaço, Antônio voltou a dormir.

Ao amanhecer, Antônio foi ao hotel da Sra. Chica Boa, perguntar se alguém havia se hospedado lá, na madrugada anterior. Para a sua surpresa, ela respondeu que há dois dias nenhum viajante havia passado por aquele hotel. Após isso, ao retornar para casa, ele contou aos filhos e esposa o que havia lhe acontecido na madrugada passada.

Depois desse acontecimento, ele tratou logo de providenciar uma porta para a sua casa, afim de evitar que aquele acontecimento se repetisse.


Nenhum comentário:

Postar um comentário